dimanche 2 octobre 2016

Lista1 - O Mercantilismo e a abordagem clássica

Mercantilismo

Origem da Riqueza
Os mercantilistas, dentro do mundo ocidental europeu, romperam com as estrutural feudais e consuetudinárias da origem da riqueza baseada na terra, defendendo, na prática, que apenas através do estoque de moedas, seja ela de ouro ou de prata, é possível haver o crescimento da riqueza de uma sociedade, uma vez que a existência de minas de metais preciosos é desigual em sua distribuição entre os países. Por estes motivos, aos países com escassez dos referidos metais ou meios de pagamento, deve aplicar políticas protecionistas para deixar a balança comercial superavitária e ao mesmo tempo fazer promoção à exportação. Tudo isso só seria possível se haver uma padronização e liberdade de comércio domesticamente.

Impacto no comércio exterior
O comércio exterior, para os mercantilistas, será a fonte de riqueza dos Estados, que devem aplicar políticas protecionistas e promover a venda de seus produtos ao exterior, mantendo sempre a Balança Comercial favorável em um jogo de "soma zero". A simples proibição legal de não enviar metais preciosos para o exterior não seria uma política eficaz de acumulação metálica ou bulionista, uma vez que os próprios metais são utilizados como meios de pagamento, sendo portanto, mais eficiente taxar os produtos estrangeiros, encarecendo-os em comparação com os produtos nacionais, que na exportação dos produtos domésticos, possibilitaria a entrada de ouro ou pratas estrangeiros para o Estado-Nação protecionista, deixando a economia doméstica sempre superavitária.

Qual contexto surge a economia política mercantilista, segundo Gonçalves e Bauman?
O surgimento da Economia Política Mercantilista está ligado com a expansão ultramarina europeia e a formação dos Estados-Nações. Segundo Bauman e Gonçalves, a reestruturação interna dos países europeus ocidentais com o êxito do absolutismo para a formar Estados nacionais, a padronização das normas e medidas dos diferentes feudos, existentes à época, bem como o Estado ser o maior promotor da riqueza da sociedade, através de políticas comerciais de promoção da exportação e também do protecionismo, assegurou o desenvolvimento inicial do capitalismo comercial, tendo teóricos como Loque como um dos seus defensores, assim como teve em David Hume, um de seus críticos pela Hipótese do preço-fluxo de metais preciosos.

Adam Smith e as Vantagens Absolutas
O que são?
Adão Smith, admirador de Davi Hume, verifica que as riquezas das nações estão baseadas no Valor Trabalho, onde o trabalho será mais produtivo se funcionar na lógica da divisão de trabalho, aumentando o nível de produtividade e da extensão do Mercado para além das fronteiras nacionais e dessa forma caracterizando o Comércio Internacional. Dessa forma, os países ganham, quando em comércio, ao exportar os produtos que tem maior produtividade, ou seja, gasta o menor Valor Trabalho para produzir o produto vendável ao exterior, economizando esforço, ao importar um produto que pode produzir domesticamente, mais que o Valor Trabalho é maior do que se produzisse no exterior. Adão Smith chamou esta relação de Vantagens Absolutas.

Com funciona o comércio entre os países?
Através dessa divisão do trabalho, aumentando consideravelmente a produtividade, o comércio internacional funciona como uma fonte de riqueza das nações, onde o exportador vende aquilo que produz mais barato internamente e importa aquilo que produziria mais caro domesticamente. A teoria das Vantagens Absolutas de Adão Smith vai de encontro das ideias mercantilistas, haja visto que o teórico tem a percepção que os metais preciosos são um produto como outro qualquer e, portanto, por ser mais abundante ele seria facilmente exportável, afim de adquirir outros produtos. Dessa forma o comércio internacional entre os países ocorrerão com a respectiva especialização do produto que se é muito mais produtivo, elevando, nesse sentido, o nível de bem estar geral da população, através de uma mão invisível, não regulada pelo Estado.

Exemplo/ilustração e explicação do uso das vantagens absolutas

Observe o seguinte: 

  • China gasta 20 unidades de trabalho para produzir 1 automóvel e 15 unidades de trabalho pra produzir 1 computador.
  • Japão gasta 10 unidades de trabalho para produzir 1 automóvel e 15 unidades de trabalho para produzir 1 computador.
Cálculo: 
  • 20:15=4/3(autarquia chinesa); 
  • 10:15=2/3(autarquia japonesa); 
  • 20:15=4/3(troca de automóveis chineses por computadores japoneses);
  •  10:15=2/3(troca de automóveis japoneses por computadores chineses);
Dá para perceber nitidamente que o Japão gasta menos unidades de trabalho que a China para produzir 1 automóvel, tendo, portanto vantagens absolutas na produção desse produto. Em comércio, a China importará carros japoneses, uma vez que a produção de carros chineses é mais cara, sendo que o Japão exportará carros para a China. A importação e exportação de computadores entre a China e o Japão independe da procedência ou da origem, já que ambos tem as mesmas vantagens absolutas para esse produto. A China ganha ao economizar esforço através da importação, o Japão ganha por exportar seus produto para o mercado chinês.



David Ricardo e as Vantagens Comparativas
O que são?
Davi Ricardo aperfeiçoa a teoria de Adão Smith ao afirmar que as Vantagens Absolutas é apenas um caso particular dentro da explicação geral dele, pois segundo o mesmo Davi, a maioria das nações tem vantagens absolutas em todos os produtos e, dessa maneira, não haveria comércio internacional, a não ser que verificasse, através de cálculos numéricos comparativos, que um país pode ser ainda mais produtivo relativamente a outro produto internamente, caso se especialize naquilo que é muito mais produtivo, deixando para um outro país produzir aquilo que é relativamente menos produtivo para o país com todas as vantagens absolutas. A Vantagem Comparativa vai fazer que o comércio exista e cada país se especialize naquilo que é mais produtivo. 

Como funciona o comércio entre os países?
Dessa maneira, independente se um país tiver Vantagens Absolutas em todos os produtos, é possível haver comércio, devido a especialização naquele produto que é muito mais produtivo, caracterizando-se como Vantagens Comparativas. Para Ricardo o comércio internacional é sempre mais vantajoso do que viver em autarquia. 

Comparação entre Adão e Davi
A grande diferença entre Adão Smith e Davi Ricardo é que o comércio internacional vai existir independente se um determinado país ter completas Vantagens Absolutas, uma vez que as Vantagens Comparativas permite que a especialização naquilo que é muito mais produtivo seja possível, enquanto o outro país vai produzir o que é menos produtivo para o primeiro país, havendo ganhos de comércio e bem estar para todos os países envolvidos.

Exemplo/ilustração e explicação do uso das vantagens comparativas

Observe:

  • China produz 80 computadores por cada 1 trabalhador e 90 automóveis por cada 1 trabalhador
  • Japão produz 120 computadores por cada 1 trabalhador e 100 automóveis por cada 1 trabalhador
Relação de produção chinesa em autarquia: 80/90=0,8
Relação de produção japonesa em autarquia: 120/100=1,2
Relação de produção de computadores entre China e Japão: 80/120=0,6
Relação de produção de automóveis entre China e Japão: 90/100=0,9

Dá para perceber nitidamente que a China tem vantagens absolutas na produção de computador e na produção de automóveis, sendo portanto dispensável o comércio internacional.
Segundo Ricardo, ainda é possível haver comércio, quando se compara a produção de computador chinês com a produção de computador japonês, pois a produtividade chinesa é muito maior que a japonesa na produção de computadores do que de carro, se não houvesse comércio. Do mesmo modo, o Japão fica muito mais produtivo ao se especializar apenas na produção de automóveis, quando em comércio, do que em autarquia.
Ou seja, o custo de oportunidade da produção de computadores chineses ou automóveis japoneses é a quantidade da produção de automóveis chineses ou computadores japoneses que se deve abrir mão para a produção de uma unidade adicional de computadores chineses ou automóveis japoneses. A economia com menor custo de oportunidade na produção de computadores chineses ou de automóveis japoneses vai possuir vantagem comparativa na produção e na exportação de computadores chineses ou automóveis japoneses.


Bibliografia utilizada:
  • Baumann, R., Canuto, O. & Gonçalves, R. Economia Internacional: teoria e experiência brasileira. Ed. Campus, Rio de Janeiro. 
  • Gonçalves, Baumann, Prado & Canuto. A nova economia internacional – Uma perspectiva brasileira, Ed. Campus, Rio de Janeiro. 
MINHAS OBSERVAÇÕES:

Essa disciplina de Comércio Exterior-Teoria e Prática foi uma das mais controversas durante a graduação em Relações Internacionais, pois além de não dar  uma abordagem prática, de forma que instrumentalize o graduando a atuar na área de Comércio Exterior(que tem mais estágios), apresentava um vocabulário de economia incompreensível para estudantes que não tiveram uma base econômica tão consolidada durante a graduação. Nesse curso, na UFRJ, como base econômica temos Introdução ao Estudo de Economia, Economia Internacional, Economia Brasileira, Economia Política Internacional e Comércio Exterior-Teoria e Prática. Forçando a barra poderemos tentar aproximar Contabilidade e Análise de Balanços da área econômica, que deixa muito a desejar.
A minha principal dificuldade na matéria foi aceitar os modelos econômicos, sem base histórica ou quando sim, deficientes e a falta de críticas contundentes ao modelo teórico, sobretudo quando é apresentada a abordagem clássica e neo-clássica.
Os argumentos de Adam Smith e David Ricardo, não parecem para mim nem um pouco convincentes, muito menos os cálculos simplistas utilizados para explicar o comércio internacional, através de deduções e considerações que soam como absurdo, ao desconsiderar a taxa de câmbio, o custo de transporte, a mobilidade perfeita dos fatores de produção, a equalização do nível tecnológico, a explicação do modelo de dois países e dois produtos para explicar a economia como um todo, além de uma série de absurdos, que mexem com a inteligência de quem minimamente interpretas as situações.
Muitos professores pediam para eu ter paciência para assimilar o conteúdo e entender posteriormente como funcionaria o comércio internacional, no entanto, preocupado com o senso prático do aprendizado acadêmico, acabei deixando a desejar o que seria vontade dos professores, ao passar tal conteúdo para mim.
Eu não conseguia conceber que em períodos de Grandes Navegações, com exclusivismo colonial, escravização de indígenas na América Latina, tráfico e escravização de africanos oriundos da África, pilhagem e exploração na Índia, China, Indonésia, tais teorias pudessem ser desenvolvidas, desconsiderando que os fatores de produção como Terra e Trabalho eram encampados da América Latina e da África e não considerado nos cálculos de Adam Smith ou David Ricardo, que além de professores acadêmicos, eram também membros da elite inglesa e escocesa, que tinham investimentos nas Companhias de Comércio das Índias Orientais. A justificativa comercial das Vantagens Absolutas, corrigidas por Vantagens Comparativas por David Ricardo, tinham seus motivos. Comercializar, mesmo sem a vontade dos outros países era muito mais do que necessário, já que encheriam os bolsos de alguns indivíduos da burguesia inglesa e também europeia.
Falar que a divisão de trabalho era mais eficiente do que as corporações de ofício europeia, no intuito de produzir produtos comercializáveis, vendáveis, não para o uso em si, é desconsiderar civilizações inteiras, com a Indiana, Chinesa, Árabe, Egípcia, Incas, Maias, Aztecas, que já produziam para exaltar o bem estar de suas populações e não apenas de determinados indivíduos, tendo entre eles, inclusive navegações no Oceano Índico e Pacífico, edificações, construções e produtos variados. 
A Teoria Clássica do Comércio Internacional, para mim, é uma teoria colonizadora, que se reverbera até hoje, justificando sempre a escassez de um mundo abundante para que os lucros de alguns indivíduos permaneçam altos e crescentes.

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